Vanderci Chagas de Aguiar (Cinegrafista e responsável pelo acervo da Atlantida Cinematográfica)

“Falar da Atlantida é uma enorme satisfação para mim. Nesses 35 anos de empresa, começando como officeboy, passei para assistente de cinegrafista, cinegrafista, montador, pesquisador e por fim, responsável pelo valioso acervo dessa grande e estimada empresa.

Como cinegrafista dos Cines Jornais da Atlantida, realizei diversas filmagens que ficaram marcadas em minha memória, podendo citar algumas como visitas de personalidades ilustres internacionais ao Brasil e outras tantas relacionadas ao meio político, esportivo, religioso, social, etc. Participei também de diversas reportagens um tanto quanto radicais, como exibições da Esquadrilha da Fumaça, aviões de caça, balões infláveis, entre outras.

Em 1978, juntamente com a Atlantida, participei da produção de quatro curtas-metragens intitulados ‘Momento de Criação’, relatando o trabalho de vários pintores; ‘A Grande Festa Carioca’, falando sobre carnaval; ‘Centenário de Quissamã’, tendo como tema a cana-de-açúcar e finalmente um documentário sobre a vida de Oscarito.

A partir desse último curta, conheci pessoalmente vários artistas da época que trabalhavam nos filmes da Atlantida. Nele, encontram-se depoimentos de alguns monstros sagrados, como Cyll Farney, que dizia que quando ele entrou para a Atlantida ficou muito nervoso por estar contracenando com vários artistas famosos.

O gigante Otelo dizia que a Atlantida tinha dois símbolos, um era o chafariz e o outro era Oscarito. Eliana dizia que a Atlantida era como uma grande família e Carlos Manga dizia que o brilhante Oscarito foi a base que formou a indústria do Cinema Brasileiro.

Outra lembrança que me marcou muito foi quando o meu diretor presidente, Sr. Luiz Severiano Ribeiro Jr., me chamou no velho casarão onde funcionava o laboratório da empresa, em Botafogo, e perguntou a minha opinião sobre a reforma daquele prédio em um Museu da Atlantida. Minha resposta foi de concordância imediata, afinal isso seria de fundamental importância para o Cinema Brasileiro.

Infelizmente, todo esse sonho não chegou a se tornar realidade, pouco tempo depois ele adoeceu e ficou internado no Hospital Samaritano, que por ironia vinha ser em frente ao local onde seria construído o seu maior desejo naquele momento. A caminho do hospital, vindo em uma cadeira de rodas, sob cuidados de sua esposa e de uma de suas filhas, ele acenou chamando-me para perto dele, e em um momento emocionante, lágrimas rolaram sobre sua face dando-me a entender que aquele grande sonho não poderia acabar ali.

Nesse instante, não houve nem lugar para palavras, poderia dizer até que esse foi um dos momentos mais marcantes que vivi ao longo de meus últimos 35 anos. Hoje, os irmãos André Severiano Ribeiro Baez e Luiz Henrique Severiano Baez, seus netos, estão concretizando tudo aquilo que seu saudoso avô pretendia realizar, com a mesma garra, vontade, força e determinação. Em muito breve, poderemos ver a conclusão desse grande e importantíssimo empreendimento.”

“Avante Atlantida! Pelos seus 65 anos de existência e sucesso!!